quarta-feira, 30 de maio de 2012


Soffiati critica projeto do Estado para canais da Baixada


O ambientalista Aristides Soffiati concedeu uma entrevista ao Site Ururau onde destaca toda a situação crítica dos canais da Baixada, em Campos, onde na manhã desta quarta-feira (30) estará sendo inaugurado o sistema de funcionamento automatizado, recurso fruto do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento. A posição do Soffiati é o verdadeiro retrato do desperdício do dinheiro público, na ordem de R$ 97 milhões, que tive a oportunidade de como deputado federal dar início ao projeto e conquistar os recursos necessários em Brasília, em 2009, para viabilizar o obra.
 O projeto foi gerido pelo Governo do Estado e que nada adiantou, pois apenas beneficiou interesses de grupos empresariais ligadas ao governador Sérgio Cabral, deixando de lado, por perseguição política, o projeto original desenvolvido ainda na gestão do ex-Governador Anthony Garotinho, projeto este desenvolvido pelo Tecnorte, em 2001, vinculado a Fenorte, que atenderia as reais necessidades dos pequenos, médios e grandes agricultores, pescadores e a população. Optaram por um novo projeto e aí está o resultado.

ANÁLISE DO AMBIENTALISTA ARISTIDES SOFFIATI
“Esse sistema, a meu ver, não é tão eficiente assim. E essa opinião não é só minha. O Inea (Instituto Estadual do Ambiente) conseguiu uma proeza inédita. O órgão conseguiu reunir proprietários rurais, pescadores e ambientalistas contra ele, em função dessas obras todas que vem fazendo na região. Em qualquer desses três setores se o nome do Inea for mencionado, todas as pessoas têm restrição”.
“O Inea recebeu R$ 97 milhões Governo Federal, recursos provenientes do PAC, para redragar 1/3 da rede de canais deixada pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento, extinto em 1989, assim que o ex-presidente Fernando Collor de Melo assumiu. Com esses recursos, o órgão contratou um projeto de redragagem, contratou uma empresa para executar esse projeto, licenciou e fiscalizou a execução desse projeto. O problema é que isso não deveria de ter sido feito assim. Isso foi feito de uma forma bastante ilegal. Porque primeiro: a redragagem de 1/3 do sistema, denominado por eles de Sistema São Bento, deveria ter estudo de impacto ambiental, porém, não teve. O projeto foi concebido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por um grupo de hidrólogos, que só levou em consideração, o fator água. Não pensou na questão ambiental, não pensou na economia pesqueira”.
“A ponderação que se fazia é que se não levarmos em conta o despejo de esgoto e de lixo, uma redragagem feita de forma ambiental, que é realizada por setores do canal e não pelo canal inteiro, isso levanta sedimento, polui a água, e compromete a fauna aquática, além de comprometer a atividade pesqueira. Então os proprietários não ficaram contentes com isso porque não foram ouvidos. Os pescadores muito menos, porque a atividade deles foi bastante prejudicada. Além do mais, os ambientalistas levaram em consideração que uma operação como essa, deveria merecer estudo de impacto ambiental, e que deveria ser apresentado junto ao Comitê de Bacia da Região Hidrográfica Número 9, para que os membros pudessem participar ativamente do processo. E nada disso foi feito”.
“O Inea passou por fora. O órgão contratou o projeto de redragagem, contratou a empresa que executou esse projeto, licenciou, sem ouvir qualquer outra opinião, e ao mesmo tempo fiscalizou. Tudo isso deveria de ter sido feito ou pela Secretaria de Obras, ou pela Secretaria de Agricultura. O Inea somente fiscalizaria a execução do projeto. Resultado, R$ 97 milhões praticamente que jogados fora, porque esse 1/3 das obras de dragagem estão perdidos. E essa confirmação pode ser observada ouvindo pescadores e ruralistas. Eles irão opinar da mesma maneira. Então eu não vejo muito motivo de alegria para essa inauguração. Porque afinal de contas a obra vai ser inaugurada, e já está perdida”.
 
“No caso da Lagoa Feia a gente nota que mais uma vez o conflito entre interesses dos produtores rurais e pescadores volta a tona. Porque o nível em que a lagoa está desagrada os pescadores, mas atende aos interesses dos ruralistas. Esse conflito é muito antigo”.
* Fotos: Site Ururau

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